PRECISÃO

Textos Críticos - Artes Plásticas 






 

Amilcar de Castro. Eduardo Sued. Waltercio Caldas. O grande trunfo desta mostra é reunir no Centro Cultural Banco do Brasil três dos maiores nomes entre os artistas brasileiros contemporâneos. Além disso, trazer trabalhos que – por pertencerem a coleções particulares – são praticamente desconhecidos do grande público. São três trajetórias distintas dentro das artes plásticas, aqui ligadas precisamente por um mesmo conceito, um elo comum.

Em estado de dicionário, a palavra precisão pode ser tomada tanto por "necessidade", "carência", como por "exatidão", "concisão", "perfeição". Assim, numa abertura de significados, o termo precisão pode ser entendido – por mais "impreciso" que pareça – até mesmo como "necessidade de exatidão" ou, vá lá, "carência de concisão". Levantar questões, suscitar polêmicas, eis uma forma saudável de se manter um museu vivo, em efervescência. A arte é o que ela instiga em cada espectador.

Aqui, precisão se quer de forma precisa. Não aquilo que implica necessidade ou carência, mas sim o que é exato e conciso de per si – e portanto perfeito. É exatamente esse apuro, essa depuração de linguagem, o que vemos nestas obras em exposição.

A perfeição do corte e da dobra do ferro nas esculturas de Amilcar de Castro. A exatidão de Eduardo Sued no domínio da linha e da cor, domando tonalidades e tensões. A concisão, o equilíbrio absoluto que Waltercio Caldas consegue passar com seus cones mágicos, como se flutuassem.

O rigor que se quer perfeição está tão solidamente impregnado nesses trabalhos que os faz como se um só fossem. Vários caminhos, várias técnicas, vários pontos de partida, mas um só de chegada. Amilcar, Sued, Waltercio: uma forte contenção de formas, um constante enxugamento da obra – como se simultaneamente trabalhassem em ritmo de precisão.



CCBB / Mostra Precisão:
Amilcar de Castro - Eduardo Sued - Waltércio Caldas
18 de maio a 18 de julho de 1994

Ronaldo Werneck