SOBRE SELVA SELVAGGIA

Fortuna Crítica

 

Por Francisco Marcelo Cabral
prefácio de Selva Selvaggia,

 

(...) Selva Selvaggia é um livro medroso, doído, pasmo, de um homem na casa dos trinta, que teve como guias uma porção de Vergílios, nos 13 anos de uma caminhada “autour de soi même”: um “romântico incurável” que atravessou a aridez experimentalista do concretismo e do poema-processo, mas acabou redescobrindo os santos óleos de Rosário Fusco e reassumiu seu sensualismo essencial (...) Talvez este seja o único livro de poemas brasileiro que obedece declaradamente a um plano geral de montagem. O poeta o quis estruturado como um filme. E essa verdadeira “trouvaille”, esse truque, acabou por dar ao livro uma dimensão que ultrapassa a de uma simples coletânea.

(...) Com seu copioso referencial de epígrafes, citações, reminiscências, homenagens, e principalmente pelo achado de sua estruturação, este livro talvez seja um e o único poema-processo realmente ‘réussit” que eu conheço. O fato é que ele nos colhe em suas malhas e nos faz acompanhar uma trajetória de experimentações estéticas que tudo indica que encerra (contém ou dá fecho) um ciclo. Pessoal? De uma geração?

(...) Sei que o livro me perturba (...) porque me faz vislumbrar o ser humano de seu autor, e talvez seja esta a força de toda obra de arte: comunicar-nos a sensação do “outro”, irresistível fonte de perturbação, “intransmissível solidão” (evoé, Fusco). De agora em diante, Ronaldo Werneck é um poeta que relerei. Porque amamos as mesmas coisas e gentes e outras ele me faz amar através de seus poemas. Prazer que positivamente eu não dispenso.”


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por Luiz Carlos Maciel
Folha de São Paulo, 17.12.76

 

“Está nas livrarias mais um belo livro de poesias: Selva Selvaggia, de Ronaldo Werneck, um poeta, acima de tudo, contemporâneo, uma sensibilidade afinada com o seu tempo. O livro, que o poeta chama de Cine-Poema, atribuindo-se o “roteiro e direção”, revela não só a convivência do autor com os variados experimentalismos poéticos que assolaram nossas letras nos últimos anos, mas também, e principalmente, uma experiência aguda e atenta do que também significou simplesmente estar vivo nestes últimos anos. Werneck é um poeta cujo amor pela palavra contamina o leitor. Recomendo.”

 

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por Márcia Brito
O Globo, Rio, 04.07.76
Cotação ****

 

Neste cinepoema, a poesia vive uma odisséia no espaço

“Selva Selvaggia não é o título de mais um livro de poesias, mas sim o nome de um cinepoema. O roteirista e diretor extraiu o argumento desta edição de fatos vivenciados por ele mesmo no eixo Minas-Bahia-Rio , entre 1962-1975, e de “outros lidos, vistos, consumidos – pelo telstar, pela tv, pelo cinematógrafo”.

Para Glauber Rocha, um filme não é arquitetura de efeitos, mas expressão visual de problemas. Talvez esteja nestas palavras de Glauber a explicação para a proposta poética de Ronaldo, que sem dúvida alguma suou e sofreu para compor seu poema – “na rua, na cama, no teclado da máquina, subitamente dentro de um cinema”.

Com uma primeira montagem de “Selva Selvaggia” (com 66 takes de certa forma mantidos ou reestruturados nesta montagem atual), o autor foi premiado em 1970 pela União Brasileira de Escritores. Teve outras premiações – na primeira promoção de poesia na Guanabara, no primeiro e segundo festival de poesia de Pirapora (neste último recebeu o prêmio “Carlos Drummond de Andrade”).

Ronaldo Werneck é um poeta “amadurecido” em barris de carvalho. Seu poema é uma dose dupla de batida de limão misturada com muitos copos de cerveja, duas vodcas e vários uísques. A quem brinda? A Oswald de Andrade, Fellini, Mallarmé, Jorge de Lima, Mário Faustino, João Cabral, Maiacóvski, Camões, e.e. cummings e muitos outros. O que brinda o poeta? A palavra e o homem.

Em “Selva Selvaggia”, o leitor-espectador encontrará dez seqüências, e a primeira abre a cena com o poeta refletindo sobre seu ofício: procurando estruturar os elementos necessários para a cineviagem, através das palavras, imagens, espaços em branco. Vejamos o poema “Três haicais à la carte”: 1) os brancos impressos/ entre as letras são tetas/ leite submerso. 2) pedra sal e sonho/ apreender com o corpo/ sol cotidiano. 3) do amor não a/ prendeu a tonalidade/ar e amar´elo”. Notam-se influências joycenas – pelas associações sonoras – e de cummings – pela desintegração das palavras.

Infelizmente não posso reproduzir aqui os melhores exemplos de total libertação, como acontece nos poemas “Telstar”, “2001 – o espaço poético”, “Canção da espera”, “Réu´p”, Full-time”, “Pranto-socorro” e outros em que as palavras se agrupam coerentemente e se estruturam formando mosaicos visuais e fragmentos sonoros.

O poeta encerra a seqüência cinco com o poema-processo “Pop/lar” – um poema eletrodoméstico social, em que aparece uma página de jornal anunciando uma liquidação de geladeiras, aparelhos de tv, liquidificadores, fogões, bicicletas, enceradeiras. Na mesma página, a notícia – “O mundo é macio e perigoso” – é o título do poema-texto, que tem como ilustrações fotografias de pessoas rindo e correndo de felicidade. Neste poema-texto Ronaldo mostra em versos como vê a realidade social deste mundo macio e perigoso. – “Uma canção de espera/ uma canção de esperança/ ancião/ ânsia/ canção/ anunciação/ retribuição/ risos/ grunhidos/ febre/ vômito/ de esperança/ é o mundo/ que te anuncio”.

Num total de 86 poemas, “Selva Selvaggia” é um desabafo de seu autor, refletido em uma boa dose de sentimentalismo poético, misturado com muita poesia concreta e alguns poemas-processo.

 

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por Affonso Romano de Sant’Anna
Revista Veja, São Paulo, 1976

 

“(...) R.W.: Keep the (R) humor”.

 

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por Wilson Coutinho
Jornal Opinião, Rio, 1976

 

“(...) Ao mesmo tempo aparece a ideologia da inovação, que já se tornou na cultura ocidental mais uma das suas tradições. O mesmo sistema aparece no livro extremamente bem cuidado de Ronaldo Werneck, Selva Selvaggia. O livro se define como cine-poema e o trabalho mescla os processos usuais. Entretanto, tenho a impressão de que a poesia visual encontrou sua chave de ouro.”

 

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por Moacy Cirne
Revista de Cultura Vozes nº 6, ano 70, 1976 – Rio de Janeiro

 

Poemas discursivos para-concretos e poemas gráfico-visuais (entre os quais, alguns poemas/processo). O livro é apresentado como um cine-poema, dividido em 10 seqüências, sendo que o argumento foi “extraído de fatos vivenciados pelo poeta no eixo minas-bahia-rio, entre 1962 e 1975, e de outros lidos, vistos, consumidos: pelo telstar, pela tv, pelo cinematógrafo, sem ordem cronológica”. Os melhores momentos são visuais: himeneu, libertarde e mass media. Mas há alguns momentos para-concretos razoáveis: asfalto: trilogia é um exemplo. Outro exemplo: tropegal canto para gal costa. Progama (: plano geral) de Francisco Marcelo Cabral: programa-prefácio. Recomendamos.

 

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por Fábio Lucas
Revista Colóquio Letras nº 43, Lisboa, maio de 1978

 

“A obra de Ronaldo Werneck convida o leitor a meditar mais uma vez sobre os caminhos da poesia, numa era em que a sociedade civil se tornou prosaica e em que a pletora de comunicação visual satura a nossa capacidade de hierarquização das formas. A arte poética de nossos dias tem investigado os limites da imagem projectada na consciência pela força a um tempo evocadora e presentificadora da poesia, com os contornos imagéticos recebidos de fora, através da função visual, activada ora espontânea ora voluntariamente.

 

Deve-se enriquecer o signo verbal com o espaço e o tempo das letras no seu andamento gráfico? Deve o código digital apoiar-se numa codificação icónica que lhe seja co-extensiva? Dar-se-á na consciência do leitor uma fusão imagética que aprofunde a percepção do fenômeno poético?

 

No livro pomba poema Ronaldo Werneck amalgamou o canto apologético com fotografias de Cataguases, a fim de celebrar o centenário da cidade mineira (1977). O compromisso crítico e nostálgico é patente. A seqüência é linearmente discursiva, dotada duma faixa retórico-persuasiva.

 

Mas em Selva Selvaggia, intencionalmente um “cine-poema”, a aparência plástica não é um complementar do tratamento verbal, pois integra os objectivos da expressão poética. Na seqüência 9, por exemplo, emergem variações da bandeira dos inconfidentes mineiros, uma delas encimada pelo dizer “libertarde”. O efeito, feliz, lembra um dos recursos compulsivos da moda concreta na poesia brasileira. Tal pertinência é incontestável, advinda logo após um poema intitulado “Hungry & Co.”, em que é satirizada uma firma dessas que vêm trazer aos trópicos a felicidade consumista e que acabam, como sempre, produzindo fome.

 

(...) O livro de Ronaldo Werneck repete um conjunto de tentativas, que se vêm manifestando na literatura brasileira, de construir um poema global, assimilador de toda a história da poesia ocidental, actualizada para depor sobre os problemas do momento. Sempre se invocam Dante e a Divina Comédia, Camões e Os Lusíadas, Virgílio, Joyce, um elenco variado. Assim fazia a Invenção de Orfeu de Jorge de Lima, que por sua vez foi incorporada a outros textos-enciclopédicos. (...) A originalidade de Ronaldo Werneck está no tom irreverente, na pontuação satírica e no estranhamento lírico, entre mordaz e cómico. Quase uma sátira menipeia em que se destacassem tonalidades românticas e eróticas. Poesia culta, Selva Selvaggia a cada abertura de capítulo apoia-se num módulo informativo, como se fora um mote. Cada Sequência corresponderia a um Canto, unidade ideológica duma epopéia. (...) Selva Selvaggia é mais que o poema de todos os ritmos. Inclui a herança do experimentalismo dos anos 60. Traz a sedução da rebeldia.”.

 

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por Iran Gama
Jornal da Semana/Cultura & Tempo

Recife, 15 a 21/06/76

 

Ronaldo Werneck, no Rio de Janeiro, lança “Selva Selvaggia (1976), livro que obedece a uma programação visual ampla, onde a tônica maior é a crise do homem moderno e suas incongruências, a crítica social de sentido reparador, que põe o homem diante de si mesmo. Rotulado de cine-poema pelo autor, o livro obedece a um roteiro estético inteligente e sem suavidades, um plano geral de montagem, onde desfilam desde haicais a textos concretistas e práxis, passando por poemas-processos e foto-montagens, numa mistura picante, demonstrando que o poeta escolheu um caminho, no qual se desdobra na procura de novas formas. Veja-se o poema de Ronaldo Werneck, extraído de “Selva Selvaggia”, que estamos publicando:

Pranto-socorro
SÓS correndo
cada um som
o corredor SÓS
seu número em si
lenço SÓS sons são
os olhos escorrendo
SÓS por trás do medo
mudo por trás
do segredo SÓS
por trás da porta
onde SÓS se pesa
a sorte
como nos açougues
SÓS para o corte.

 

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por Jornal da Semana/ Cultura & Tempo
Recife, de 08 a 11 setembro de 1976

 

“Selva Selvaggia”, pela seriedade do seu texto não vai de encontro da opinião do crítico Atfonso Romano de SantAnna, da Revista “Veja”. Para aqueles que quiserem tirar a limpo a estória é só escrever para o autor, Ronaldo Werneck (Av. Rio Branco, 65 sala 1810 – 21-20.000 – Rio de Janeiro – RJ, enviando, por via postal ou outra forma de pagamento, o valor da aquisição (Cr$35,00) e tirará as dúvidas. E olha, gente, não é golpe de publicidade, não!

 

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por Yêda Schmaltz
O Popular/ Suplemento Cultural

Goiânia, 12/12/76

 

Ronaldo Werneck acaba de publicar no Rio de Janeiro seu livro de poemas “Selva Selvaggia”, que vem merecendo excelente opinião da crítica brasileira. Alguns dos poemas do livro foram premiados em inúmeros concursos de poesia: prêmio da UBE carioca para uma seleção de poemas, prêmio na “I.ª Promoção da Poesia na Guanabara”, para o poema “Carta”, prêmio do I.º Festival de Poesia de Pirapora para o poema “Hungry & Co.”, e vários outros.

 

Francisco Marcelo Cabral presta o seguinte depoimento: “(...) Selva Selvaggia é um livro medroso, doído, pasmo, de um homem na casa dos trinta, que teve como guias uma porção de Virgílios, nos 13 anos de uma caminhada au tour de soi même, um “romântico incurável” que atravessou a aridez experimentalista do concretismo e do poema-processo, mas acabou redescobrindo os santos óleos de Rosário Fusco”. O poeta o quis estruturado como um filme. E essa verdadeira “trouvaille”, esse truque, acabou por dar ao livro uma dimensão que ultrapassa a de uma simples coletânea (...)”.

 

(...) Assim, a partir de uma idéia de Glauber Rocha, “um filme não é arquitetura de efeitos, mas expressão visual de problemas”, constrói Ronaldo Werneck o seu cine-poema (...)

 

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por Maria Amélia Mello
Tribuna da Imprensa/Suplemento da Tribuna

Rio de Janeiro, 29-30/05/76

7 Poetas & Alguns Problemas

Esta a manchete da capa do Suplemento da Tribuna, editado por Maria Amélia Mello, anunciando o lançamento de 7 livros na Livraria Muro. O lançamento mereceu toda a capa e as duas páginas centrais do Suplemento, com reprodução de poemas.

“Antonio Fernando, Carlos Enrique de Escobar, Joaquim Branco, Octávio Mora, Ricardo G. Ra,mos, Ronaldo Periassu e Ronaldo Werneck são os sete poetas que estarão lançando seus livros às 21 horas do dia 2 de junho, quarta-feira, na Livraria Muro – Praça General Osório – Ipanema.

Apesar de Maio, Paisagem Alta, Consumito, Exílio Urbano, Estado de Coisas, Fror e Selva Selvaggia são os nomes dos livros, que trazem a chancela “Poemação”, extraída do movimento de poesia realizado no MAM há cerca de dois anos, com a participação de todos os sete poetas. Mas a afinidade pára aí. Embora seus livros tenham sido feitos na mesma Gráfica Vespertino, de Petrópolis (à exceção de Apesar de Maio e Consumito), seus caminhos são diversos e multifários, indo do verso ao gráfico, numa mostra bastante realística do que está acontecendo na poesia brasileira hoje”

Na página 5, o Suplemento estampava “Fragmentos: Collage”, com flashes extraídos de Selva Selvaggia


Fragmentos: Collage

o poema é veículo

a poesia carga nobre:

suor & insight


hímen

imã

anima


pó pedra e sono

apreender com o corpo

sol cotidiano


itacoatiara

itapetininga itaipu

tupi tão tamoio


ah não morra

poeta

ACIONE VELOZ

O PÁRA-TÉDIO


(*) O Suplemento da Tribuna deu grande cobertura ao lançamento de Selva Selvaggia. Na edição de 12-13 de junho de 1976, página 7, abriu manchete com “Programa: Plano Geral”, título do prefácio de Francisco Marcelo Cabral, reproduzido na íntegra, com mais dois poemas do livro, “Zoraya” e “Post-Card”. Em 23 de outubro de 1977, por acaso aniversário do poeta, o Suplemento fez uma página gráfica, com poemas de quatro poetas: Carlos Nejar, Mário Quintana, Ferreira Gullar e Ronaldo Werneck (reprodução de fragmentos do poema visual “Coca is Caco”)

 

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por Francisco Marcelo Cabral
Minas Gerais/Suplemento Literário

Belo Horizonte, 21/08/76

 

Selva Selvaggia: Um cine-poema de Ronaldo Werneck

Com este título, o “Suplemento do Minas” reproduzia na página 2 a capa do livro e, na íntegra, o prefácio assinado pelo poeta Francisco Marcelo Cabral.


PROGRAMA: PLANO GERAL


No plano geral deste livro este é aquele texto que acompanha o programa de um filme e que a gente lê (ou não lê) na sala de espera do cinema.

SELVA SELVAGGIA é um livro medroso, doido, pasmo, de um homem na casa dos trinta, que teve como guias uma porção de Vergílios, nos 13 anos de uma caminhada au tour de soi même: um “romântico incurável” que atravessou a aridez experimentalista do concretismo e do poema-processo, mas acabou redescobrindo os santos óleos de Rosário Fusco e reassumiu seu sensualismo essencial, em que deságuam descaradamente os últimos poemas do livro.

Talvez este seja o único livro de poemas brasileiro que obedece declaradamente a um plano geral de montagem. O poeta o quis estruturado como um filme. E essa verdadeira trouvaille, esse truque, acabou por dar ao livro uma dimensão que ultrapassa a de uma simples coletânea. Tentemos algumas chaves: a Comédia é uma catedral; os Cantos de Pound, um mapa-múndi; Miracoeli, de Jorge de Lima, uma missa-cantada; o Engenheiro, de João Cabral de Melo Neto, uma planta-baixa. E assim por diante. Essas sobreformas, arbitrárias ou não, realimentam o significado de cada poema ou canto, com o de todo o livro e de cada um dos poemas ou cantos. Ciberneticamente.

Com o seu copioso referencial de epígrafes, citações, reminiscências, homenagens, e principalmente pelo achado de sua estruturação, este livro talvez seja um e o único poema-processo realmente réussit que eu conheço. O fato é que ele nos colhe em suas malhas e nos faz acompanhar uma trajetória de experimentações estéticas que tudo indica que encerra (contém ou dá fecho) um ciclo. Pessoal? De uma geração?

Creio que o poderíamos “montar” de diversas maneiras, cada um ao seu estilo, e parece que é isso que o poeta nos propõe. Disjecta membra rearrumáveis em diversas formas, sem perda da essencial coerência humana. Eu, por exemplo, suprimiria muitos dos takes que me parecem por demais obscuros ou simplesmente gratuitos. Ou a cuja emoção básica não consigo ter acesso.

Mas devo reconhecer que, mesmo nos poetas que eu mais amo (alguns deles incluídos no rol dos “assistentes de direção” deste SELVA SELVAGGIA), há muitos poemas que (ainda) me escapam. E é claro que por culpa minha, pela minha incapacidade de os sentir, nessa riquíssima relação biunívoca que faz igualmente “maiores” certos poetas e certos leitores.

Sei que o livro (livro?) de Ronaldo Werneck me perturba. E não “literariamente”. Mas porque me faz vislumbrar o ser humano do seu autor, e talvez seja esta a força de toda obra de arte: comunicar-nos a sensação do “outro”, irresistível fonte de perturbação, “intransmissível solidão” (evoé, Fusco).

De agora em diante, Ronaldo Werneck é um poeta que relerei. Porque amamos as mesmas coisas e gentes e outras ele me faz amar através de seus poemas. Prazer que positivamente eu não dispenso.



Ronaldo Werneck